O Sicoob espera liberar na safra 2023/24 cerca de R$ 52 bilhões em crédito rural por meio de diversas linhas, valor que representa aumento de 33% em relação à safra 2022/23, quando concedeu R$ 38,3 bilhões em financiamentos para pequenos e médios produtores, 66% a mais do que no ciclo 2021/22.
A participação da instituição financeira cooperativa no mercado de crédito rural aumentou entre as duas safras, de 7,3% para 9%.
Do total de recursos previsto para 2023/24, R$ 37 bilhões devem ser liberados por meio de operações de custeio, 73% acima dos R$ 21,4 bilhões da safra 2022/23, que acaba de terminar em junho.
Para investimentos, a previsão é conceder R$ 8 bilhões, 33,3% acima dos pouco mais de R$ 6 bilhões da temporada anterior, e para industrialização e comercialização, R$ 7 bilhões, 33,7% a mais do que no ciclo 2022/23.
Quanto ao porte dos produtores beneficiados, a expectativa é de que cerca de 35% do dinheiro financie pequenos e médios produtores, sendo R$ 8 bilhões para pequenos produtores por meio do Pronaf (programa federal com foco em agricultores familiares) e R$ 10 bilhões para médios produtores, pelo Pronamp (programa direcionado a este público).
Para ampliar em 33% sua oferta de crédito nesta safra, depois de já ter expandido em 66% as liberações de crédito rural em 2022/23, o Sicoob espera avançar em alguns produtos. Um deles é a Cédula de Produto Rural (CPR), que a instituição financeira cooperativa começou a operar em dezembro do ano passado.
“A linha da CPR é muito relevante; para o produtor, às vezes aproveitar a oportunidade de uma compra, venda, investimento, é mais importante do que ter uma taxa (de juro) baixinha. A CPR dá uma velocidade muito grande”, afirmou o diretor do Sicoob.
A fonte de recurso da CPR são as Letras de Crédito do Agronegócio (LCA), papel cujas regras para aplicação em crédito rural foram alteradas pelo governo para a safra 2023/24.
Para distribuir o dinheiro de tal forma, as instituições financeiras precisam, antes da captação da LCA, fazer empréstimos a produtores por CPR e também crédito livre, que servem de “lastro” para as LCAs. Há receio em parte do mercado que a demanda de produtores por crédito livre “MCR”, que precisa seguir mais requisitos do governo do que as CPRs, seja menor do que o necessário para que instituições financeiras cumpram as exigências.
“Vamos ter de fazer mudanças estratégicas internas (decorrente da alteração nas regras), mas como temos público, demanda, lastro, vamos nos adaptar. Nós nunca obedecemos a exigibilidade da poupança, sempre aplicamos mais que o exigido, assim como a LCA.”
Entre os recursos, devem estar somas para atender, por linhas do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), uma esperada procura por crédito para financiar a construção de armazéns, compra de máquinas e pequenos investimentos em granjas de sistemas integrados de produção.
O Ministério da Fazenda deve publicar nesta segunda-feira a portaria com o detalhamento das 21 instituições financeiras contempladas com recursos equalizados, bem como o montante liberado para cada uma. “Todo mundo está na expectativa de ver as portarias. Para nós, ter limite no BNDES é importante”, disse Reposse Junior.
O Sicoob é um grande tomador de DIR, segundo o executivo, ainda que o peso destes depósitos venha caindo. Há cerca de cinco anos, era responsável por metade da carteira rural da instituição. Na safra 2022/23, representou 21% da oferta, com cerca de R$ 8 bilhões. Para 2023/24, o plano do Sicoob é captar R$ 10 bilhões, mantendo a participação na carteira. “Se captarmos isso, será ótimo”, afirmou Reposse Junior.
O cenário atual favorece essa perspectiva de aumento, tendo em vista que o governo também elevou o porcentual dos depósitos à vista e poupança que bancos devem destinar a crédito rural, conhecido no mercado como exigibilidade, de 25% para 30% no primeiro caso e de 59% para 65% no segundo caso. “Comemoramos bastante que haverá recursos mais abundantes para o agronegócio mas, por outro lado, os bancos que não têm carteira de agro não vão conseguir montar essa carteira de um dia para o outro. Então esperamos ter uma oferta maior de DIR, nossa mesa já está em contato com os bancos”, contou o executivo. O Sicoob distribui recursos de DIR para agricultores familiares, médios e grandes produtores.
Reposse também diz esperar dobrar a contratação de seguro rural na safra 2023/24 pelos cooperados, de R$ 220 milhões em prêmios pagos por produtores em 2022/23 para cerca de R$ 440 milhões.
Representatividade O Sicoob tem entre seus 7,5 milhões de associados aproximadamente 430 mil produtores rurais, a maioria de pequeno e médio porte. Se em quantidade eles representam quase 6% do total, em carteira sua relevância é bem maior, ao redor de 30%, de acordo com Reposse Junior.
O Sicoob tem atualmente 4.530 agências em todo o País, mais de 300 cooperativas singulares associadas, concentradas na região Sudeste – Minas Gerais, São Paulo e Espírito Santo. A instituição vem crescendo de forma “considerável” no Sul, em especial Paraná e Rio Grande do Sul, e quer avançar mais em Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Norte e Nordeste na safra 2023/24. “Haverá uma expansão estratégica do Sicoob no Norte e Nordeste, com educação financeira, instituto e agências”, afirmou. O número de cooperados cresce em média 12% ao ano.